Até para o ano!
Obrigada a tod@s que por aqui passaram!
Um excelente 2007!
(voltarei logo, logo...)
terça-feira, dezembro 26, 2006
domingo, dezembro 24, 2006
sábado, dezembro 16, 2006
Para infundir força
Estão na minha taça
a vertigem brilhante
a embriaguez borbulhando.
Grandes redemoinhos
sobre nós às avessas
estão na minha taça.
Um grande coração de urso
um grande coração de águia,
um grande coração de milhafre,
um grande vento que roda-
juntaram-se todos num só.
Estão na minha taça.
- Bebe-a agora.
(Poemas Ameríndios - Papagos- trad. de Herberto Helder)
(a minha amiga S.C. mandou-mo hoje e eu não resisto a partilhá-lo)
Estão na minha taça
a vertigem brilhante
a embriaguez borbulhando.
Grandes redemoinhos
sobre nós às avessas
estão na minha taça.
Um grande coração de urso
um grande coração de águia,
um grande coração de milhafre,
um grande vento que roda-
juntaram-se todos num só.
Estão na minha taça.
- Bebe-a agora.
(Poemas Ameríndios - Papagos- trad. de Herberto Helder)
(a minha amiga S.C. mandou-mo hoje e eu não resisto a partilhá-lo)
quarta-feira, dezembro 13, 2006
quarta-feira, dezembro 06, 2006
segunda-feira, dezembro 04, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
domingo, novembro 26, 2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
apanho todos os dias o mesmo autocarro, à mesma hora sempre.
(chego lá cansada, mas levo nos olhos o Tejo)
já conheço as caras de quem partilha a mesma viagem. à mesma hora sempre. na mesma paragem sempre. e antes de chegar espero-as com o entusiasmo de quem vê uma cara que lhe faz bem.
(as caras familiares fazem-me bem)
o segurança acabado de sair do turno, barba por fazer, traz sempre A Bola. Senta-se, abre o jornal e quando eu saio já está a dormir - sairá no sítio certo?
a menina-d’óculos-contente entra a seguir e acena alegremente à mãe que a traz e a vigia da paragem. esta menina-d’óculos-contente deve ter um problema qualquer. vê-se que já teria idade para apanhar o autocarro sozinha, mas não deve conseguir. quando nos aproximamos lá está ela, sempre contente, de mão dada com a mãe. entra sempre atabalhoadamente, com uma enorme mochila, um casaco cor-de-rosa (é novo e antes do frio trazia um cinzento), o passe ao pescoço e senta-se, contente, a dizer adeus à mãe que espera na paragem, continuando invisivelmente de mão dada com ela.
(não olho nunca para trás para saber se a mãe vai logo embora)
a senhora de uns óculos enormes entra na seguinte. aqueles óculos já não existem em lugar nenhum. aquelas saias de pregas e aqueles casacos de malha curtos também não.
(isto sou eu a dizer assim, porque se exibem orgulhosamente ainda entre os Fanqueiros e a Madalena)
ali vou eu, ao pé destes e dos outros todos. a adivinhar-lhes as histórias, os empregos, as vontades do dia, o que terão comido de manhã, a música dos headphones.
(gosto tanto de tentar adivinhar as músicas. nunca devo acertar. e acho isso lindo. e continuo a tentar adivinhar todos os dias)
terça-feira, a menina-d’óculos-contente não entrou. não chegou a tempo, pensei. entretive-me com a senhora de óculos grandes (ia caindo...) e a música dos outros.
quarta-feira, a menina-d’óculos-contente não entrou.
hoje a menina-d’óculos-contente não entrou. pensei nela várias vezes esta manhã. penso nela ainda.
espero ansiosamente pelas oito de amanhã. para voltar à música dos outros e tentar agarrar invisivelmente a mão da menina que tem medo de ir sozinha. ela faz parte das minhas manhãs e não quero que lhe aconteça nada que a impeça de andar contente.
(ela não saberá nunca, mas preciso de continuar a vê-la contente. como se chamará a menina-d’óculos-contente?)
(chego lá cansada, mas levo nos olhos o Tejo)
já conheço as caras de quem partilha a mesma viagem. à mesma hora sempre. na mesma paragem sempre. e antes de chegar espero-as com o entusiasmo de quem vê uma cara que lhe faz bem.
(as caras familiares fazem-me bem)
o segurança acabado de sair do turno, barba por fazer, traz sempre A Bola. Senta-se, abre o jornal e quando eu saio já está a dormir - sairá no sítio certo?
a menina-d’óculos-contente entra a seguir e acena alegremente à mãe que a traz e a vigia da paragem. esta menina-d’óculos-contente deve ter um problema qualquer. vê-se que já teria idade para apanhar o autocarro sozinha, mas não deve conseguir. quando nos aproximamos lá está ela, sempre contente, de mão dada com a mãe. entra sempre atabalhoadamente, com uma enorme mochila, um casaco cor-de-rosa (é novo e antes do frio trazia um cinzento), o passe ao pescoço e senta-se, contente, a dizer adeus à mãe que espera na paragem, continuando invisivelmente de mão dada com ela.
(não olho nunca para trás para saber se a mãe vai logo embora)
a senhora de uns óculos enormes entra na seguinte. aqueles óculos já não existem em lugar nenhum. aquelas saias de pregas e aqueles casacos de malha curtos também não.
(isto sou eu a dizer assim, porque se exibem orgulhosamente ainda entre os Fanqueiros e a Madalena)
ali vou eu, ao pé destes e dos outros todos. a adivinhar-lhes as histórias, os empregos, as vontades do dia, o que terão comido de manhã, a música dos headphones.
(gosto tanto de tentar adivinhar as músicas. nunca devo acertar. e acho isso lindo. e continuo a tentar adivinhar todos os dias)
terça-feira, a menina-d’óculos-contente não entrou. não chegou a tempo, pensei. entretive-me com a senhora de óculos grandes (ia caindo...) e a música dos outros.
quarta-feira, a menina-d’óculos-contente não entrou.
hoje a menina-d’óculos-contente não entrou. pensei nela várias vezes esta manhã. penso nela ainda.
espero ansiosamente pelas oito de amanhã. para voltar à música dos outros e tentar agarrar invisivelmente a mão da menina que tem medo de ir sozinha. ela faz parte das minhas manhãs e não quero que lhe aconteça nada que a impeça de andar contente.
(ela não saberá nunca, mas preciso de continuar a vê-la contente. como se chamará a menina-d’óculos-contente?)
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
já uma vez aqui tinha posto este verso do Caeiro. mas hoje amanheceu assim na minha aldeia e não resisto.

já uma vez aqui tinha posto este verso do Caeiro. mas hoje amanheceu assim na minha aldeia e não resisto.
o Sol disse bom dia e foi embora.
o Tejo, esse, cumpre todos os dias a sua missão. fica ali, ao meu lado, enquanto eu desço. tentando não pensar em nada, estando só ao pé dele.
domingo, novembro 05, 2006
terça-feira, outubro 31, 2006
segunda-feira, outubro 30, 2006
segunda-feira, outubro 23, 2006
domingo, outubro 22, 2006
segunda-feira, outubro 16, 2006
quarta-feira, outubro 11, 2006
domingo, outubro 08, 2006
quarta-feira, setembro 27, 2006
segunda-feira, setembro 18, 2006

bom.
é bom voltar a Almodóvar.
é bom voltar a La Mancha e sentir o vento bater-nos na cara.
(o reencontro da mãe e das filhas é também um reencontro com uma certa Espanha não muito diferente de um certo Portugal.
gosto disso. gosto do vento. gosto da ideia do reencontro e da tradição. não gosto tanto de alguma inconsistência narrativa que me faz sentir o todo muito aquém dos últimos três filmes do menino. mas gosto da Penélope)
quarta-feira, setembro 13, 2006
A recusa das imagens evidentes

IV
Há noites que são feitas dos rneus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca forarn feitas.
Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
A mais longínqua onda do seu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nos fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.
Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.
Natália Correia, que soube recusar as imagens evidentes, nasceu a 13 de Setembro

IV
Há noites que são feitas dos rneus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca forarn feitas.
Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.
Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
A mais longínqua onda do seu canto.
Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nos fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.
Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.
Natália Correia, que soube recusar as imagens evidentes, nasceu a 13 de Setembro
domingo, setembro 10, 2006
quarta-feira, setembro 06, 2006
Há palavras que nos beijam
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Alexandre O'Neill
quarta-feira, agosto 23, 2006
quarta-feira, agosto 16, 2006

E dei-lhe as duas voltas de um cachecol
A ver se assim das nuvens tu me contas
Porque és agora chuva, agora sol
Porque é que o teu olhar carmim-celeste
Tem do azul toda a melancolia
E o beijo cor-da-lua que me deste
À beira da maçã que em mim floria
Porque há lilases brancos no teu sonho
Promessas cor-de-fogo no sorriso
Talvez sejam as cores que eu componho
Talvez sejam as cores que eu preciso
Nas verdes madrugadas dos amores
Em todas elas eu me sinto tua
Talvez o arco-íris tenha as cores
Que eu só consigo ver à luz da Lua
poema de João Monge -o cachecol do fadista- cantado por Aldina Duarte, em Crua
, em Crua)
(imagem de pormenor do mar e do céu na Ponta do Sal)
sexta-feira, agosto 11, 2006
Obrigada!
a todos!
aos que telefonaram.
aos que mandaram mensagens.
aos que mandaram e-mails.
aos que mandaram e-cards.
aos que fizeram comentários aqui.
(a quem fez um post sobre isso. Ai Nádia, Nádia!)
aos que foram.
aos que estiveram muito tempo.
aos que estiveram pouco tempo.
aos que não se esquecem nunca.
(aos que se esquecem, mas que um dia destes se lembram!)
fiz 33 anos ontem.
que bom ter amigos!
a todos!
aos que telefonaram.
aos que mandaram mensagens.
aos que mandaram e-mails.
aos que mandaram e-cards.
aos que fizeram comentários aqui.
(a quem fez um post sobre isso. Ai Nádia, Nádia!)
aos que foram.
aos que estiveram muito tempo.
aos que estiveram pouco tempo.
aos que não se esquecem nunca.
(aos que se esquecem, mas que um dia destes se lembram!)
fiz 33 anos ontem.
que bom ter amigos!
segunda-feira, agosto 07, 2006
quinta-feira, agosto 03, 2006
Tempo de férias. Pinhal de Leiria.
D. Dinis
Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.
Arroio, esse cantar, jovem e puro,
Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
(Fernando Pessoa, Mensagem)

Na noite escreve um seu Cantar de Amigo
O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo:
É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver.

Busca o oceano por achar;
E a fala dos pinhais, marulho obscuro,
É o som presente desse mar futuro,
É a voz da terra ansiando pelo mar.
(Fernando Pessoa, Mensagem)
terça-feira, agosto 01, 2006
Tempo de férias. Mar I
Mar sonoro
Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
terça-feira, julho 25, 2006
quinta-feira, julho 20, 2006
quarta-feira, julho 19, 2006
quarta-feira, julho 05, 2006
quinta-feira, junho 29, 2006
quarta-feira, junho 28, 2006
segunda-feira, junho 19, 2006
terça-feira, junho 13, 2006

nasceu a 13 de Junho de 1888
em dia de aniversário
A fada das crianças
Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e , cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.
À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia -
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.
E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas...
E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas...
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa.
(de "O melhor do mundo são as crianças, antologia de textos de Fernando Pessoa para a infância", ed. de Manuela Nogueira, Assírio & Alvim, Lisboa, 1998. Fotografia de Pessoa aos 10 anos.)
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