
quinta-feira, dezembro 24, 2009
quinta-feira, dezembro 17, 2009
:)
talvez a partir de hoje o meu país se prepare para ser um país melhor... estúpido é haver tanta gente a ter de esperar por isto.
terça-feira, dezembro 08, 2009
segunda-feira, dezembro 07, 2009
terça-feira, dezembro 01, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
terça-feira, novembro 10, 2009
voltar com algo divertido. 40 anos.
sexta-feira, outubro 09, 2009
terça-feira, outubro 06, 2009
Amália
Estranha forma de vida
Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.
Que estranha forma de vida
Tem este meu coração
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.
Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.
Eu não te acompanho mais:
pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
Porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.
terça-feira, setembro 29, 2009
quarta-feira, setembro 23, 2009

fui capaz de voltar com este quadro, de que me lembrei ontem. vê-lo pela primeira vez, há muitos anos, mudou a minha vida. não explicarei porquê. chama-se A condição humana e é de 1933. o próprio René Magritte explica-o assim:
"coloquei em frente de uma janela, vista do interior de um quarto, uma pintura representando exactamente a parte da paisagem oculta pela própria pintura. Portanto, a árvore representada na pintura escondia a árvore localizada por trás dela, fora do quarto. Ela existia para para o espectador, desta forma, ao mesmo tempo dentro do quarto, na pintura e fora do quarto, na paisagem real. Que é como nós vemos o mundo: nós vemo-lo como existindo fora de nós próprios, mesmo que seja apenas uma sua representação mental o que nós sentimos dentro de nós."
quinta-feira, agosto 13, 2009
quinta-feira, julho 30, 2009
domingo, julho 19, 2009
quinta-feira, julho 16, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
segunda-feira, junho 22, 2009
o novo disco da Zélia Duncan

ainda o ouvi poucas vezes para escolher uma preferida (ela escolheu da banda sonora a minha preferida, as-tu déjà aimé, mas alterou-lhe ligeiramente o sentido que lhe dou e a força que ela, a canção, me dá). por isso escolhi esta. só porque é a primeira. até porque voltarei a estas canções, a nova banda sonora dos meus caminhos.
BOAS RAZÕES
De Bonnes Raisons Alex BeaupainVersão Zélia Duncan
Participação Fernanda Takai
Teu fogo inflama a razão
Perguntas queimam então
Meu coração quer pensar
Respostas caem no chão
Se eu vou te amar
Se eu vou te amar
São boas minhas razões
Pra que te amar
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar
Talvez seu charme me atraia
Talvez seu charme me atraia
Talvez a tal solidão
Má sorte ou belas palavras
Talvez um vício em paixão
Não guardo mais, melhor falar
Não guardo mais, melhor falar
Qualquer razão pra te amar
Não guardo mais
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar
Parece um anjo esquece as asas por aqui
Parece um anjo esquece as asas por aqui
Glória
Santos perfumes vozes do céu vêm pra te ouvir
Aleluia
Talvez seu cheiro de flor
Talvez seu cheiro de flor
Um jeito de adormecer
No frio faz um calor
Motivos pra me aquecer
Não guardo mais, melhor falar
Qualquer razão pra te amar
Não guardo mais
Não guardo mais
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar
domingo, junho 21, 2009
primeiro dos 93 dias de Verão :)
...
No Verão os dias ficam maiores.
No Verão as roupas ficam menores.
No Verão o calor bate recordes
E os corpos libertam seus suores.
Eu gosto é do Verão
De passearmos de prancha na mão.
Saltarmos e rirmos na praia
De nadar e apanhar um escaldão.
E ao fim do dia, bem abraçados
A ver o pôr-do-Sol
Patrocinado por uma bebida qualquer.
...
a fúria do açúcar
(fui à praia e apetece-me cantar... deve chamar-se alegria de Verão a chegar...)
No Verão os dias ficam maiores.
No Verão as roupas ficam menores.
No Verão o calor bate recordes
E os corpos libertam seus suores.
Eu gosto é do Verão
De passearmos de prancha na mão.
Saltarmos e rirmos na praia
De nadar e apanhar um escaldão.
E ao fim do dia, bem abraçados
A ver o pôr-do-Sol
Patrocinado por uma bebida qualquer.
...
a fúria do açúcar
(fui à praia e apetece-me cantar... deve chamar-se alegria de Verão a chegar...)
segunda-feira, junho 15, 2009
Esta Tarde a Trovoada Caiu
Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...
Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz que não,
Não sei porquê — eu não tinha medo —
pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...
Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranquilamente, como o muro do quintal;
Tendo ideias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...
Sentia-me alguém que nossa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!
(Quem crê que há Santa Bárbara,
Julgará que ela é gente e visível
Ou que julgará dela?)
(Que artifício! Que sabem
As flores, as árvores, os rebanhos,
De Santa Bárbara?...
Um ramo de árvore,
Se pensasse, nunca podia
Construir santos nem anjos...
Poderia julgar que o sol
É Deus, e que a trovoada
É uma quantidade de gente
Zangada por cima de nós ...
Ali, como os mais simples dos homens
São doentes e confusos e estúpidos
Ao pé da clara simplicidade
E saúde em existir
Das árvores e das plantas!)
E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que todo o dia a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega.
Alberto Caeiro
(eu que nunca rezo não sei rezar a Santa Bárbara...)
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...
Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz que não,
Não sei porquê — eu não tinha medo —
pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...
Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranquilamente, como o muro do quintal;
Tendo ideias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...
Sentia-me alguém que nossa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!
(Quem crê que há Santa Bárbara,
Julgará que ela é gente e visível
Ou que julgará dela?)
(Que artifício! Que sabem
As flores, as árvores, os rebanhos,
De Santa Bárbara?...
Um ramo de árvore,
Se pensasse, nunca podia
Construir santos nem anjos...
Poderia julgar que o sol
É Deus, e que a trovoada
É uma quantidade de gente
Zangada por cima de nós ...
Ali, como os mais simples dos homens
São doentes e confusos e estúpidos
Ao pé da clara simplicidade
E saúde em existir
Das árvores e das plantas!)
E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que todo o dia a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega.
Alberto Caeiro
(eu que nunca rezo não sei rezar a Santa Bárbara...)
sábado, junho 13, 2009
nascido a 13 de Junho de 1888
Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...
Alberto Caeiro
Ora até que enfim..., perfeitamente...
Cá está ela!
Tenho a loucura exactamente na cabeça.
Meu coração estoirou como uma bomba de pataco,
E a minha cabeça teve o sobressalto pela espinha acima...
Graças a Deus que estou doido!
Que tudo quanto dei me voltou em lixo,
E, como cuspo atirado ao vento,
Me dispersou pela cara livre!
Que tudo quanto fui se me atou aos pés,
Como a serapilheira para embrulhar coisa nenhuma!
Que tudo quanto pensei me faz cócegas na garganta
E me quer fazer vomitar sem eu ter comido nada!
Graças a Deus, porque, como na bebedeira,
Isto é uma solução.
Arre, encontrei uma solução, e foi preciso o estômago!
Encontrei uma verdade, senti-a com os intestinos!
Poesia transcendental, já a fiz também!
Grandes raptos líricos, também já por cá passaram!
A organização de poemas relativos à vastidão de cada assunto resolvido em vários —
Também não é novidade.
Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim...
Tenho uma náusea que, se pudesse comer o universo para o despejar na pia, comia-o.
Com esforço, mas era para bom fim.
Ao menos era para um fim.
E assim como sou não tenho nem fim nem vida...
Cá está ela!
Tenho a loucura exactamente na cabeça.
Meu coração estoirou como uma bomba de pataco,
E a minha cabeça teve o sobressalto pela espinha acima...
Graças a Deus que estou doido!
Que tudo quanto dei me voltou em lixo,
E, como cuspo atirado ao vento,
Me dispersou pela cara livre!
Que tudo quanto fui se me atou aos pés,
Como a serapilheira para embrulhar coisa nenhuma!
Que tudo quanto pensei me faz cócegas na garganta
E me quer fazer vomitar sem eu ter comido nada!
Graças a Deus, porque, como na bebedeira,
Isto é uma solução.
Arre, encontrei uma solução, e foi preciso o estômago!
Encontrei uma verdade, senti-a com os intestinos!
Poesia transcendental, já a fiz também!
Grandes raptos líricos, também já por cá passaram!
A organização de poemas relativos à vastidão de cada assunto resolvido em vários —
Também não é novidade.
Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim...
Tenho uma náusea que, se pudesse comer o universo para o despejar na pia, comia-o.
Com esforço, mas era para bom fim.
Ao menos era para um fim.
E assim como sou não tenho nem fim nem vida...
Álvaro de Campos
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
Ricardo Reis
sexta-feira, junho 12, 2009
quarta-feira, junho 10, 2009
Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.
Luís de Camões
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.
Luís de Camões
terça-feira, junho 09, 2009
terça-feira, junho 02, 2009
Arménio Vieira, Prémio Camões
Quiproquó
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
Arménio Vieira
Cabo Verde, a terra com que a minha vida volta e meia se cruza...
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
Arménio Vieira
Cabo Verde, a terra com que a minha vida volta e meia se cruza...
terça-feira, maio 26, 2009
dias afastada. muito trabalho. problemas. noites mal dormidas e dias demasiado cheios.
espero que os meus alunos tenham percebido que gosto mesmo de estar ali. com eles. não por eles. por mim.
queria ter escrito sobre o João Bénard da Costa e não consegui. queria ter dito como foi importante para mim ter lido tantos filmes antes de os ver... queria ter conseguido dizer que é possível ensinar a amar o cinema, mas não consegui. ficou o nó na garganta.
jantar em casa com companhia (tão...........) ajuda a recompor o(s) estrago(s).
e hoje um ramo de flores salvou os dias grandes e cheios:
segunda-feira, maio 18, 2009
A noite não tem braços
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.
Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.
Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
Pedro Abrunhosa, Momento
Que te impeçam de partir,
Nas sombras do meu quarto
Há mil sonhos por cumprir.
Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
A estrada ainda é longa,
Cem quilómetros de chão,
Quando a espera não tem fim,
Há distâncias sem perdão.
Não sei quanto tempo fomos,
Nem sei se te trago em mim,
Sei do vento onde te invento, assim.
Não sei se é luz da manhã,
Nem sei o que resta em nós,
Sei das ruas que corremos sós,
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
Navegas escondida,
Perdes nas mãos o meu corpo,
Beijas-me um sopro de vida,
Como um barco abraça o porto.
Porque tu,
Deixas em mim
Tanto de ti,
Matam-me os dias,
As mãos vazias de ti.
Pedro Abrunhosa, Momento
domingo, maio 17, 2009
Uma espécie de céu
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel na esquina
Um sono acordado
Um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida
Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento
Uma estrada infinita
Um anúncio discreto
Uma curva fechada
Um poema deserto
Uma cidade distante
Um vestido molhado
Uma chuva divina
Um desejo apertado
Uma noite esquecida
Uma praia qualquer
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher
Um encontro em segredo
Uma duna ancorada
Dois corpos despidos
Abraçados no nada
Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta
Um choro escondido
Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto
Um adeus para sempre
Uma ferida que dói
Não por fora, por dentro
Um pedaço de mar
Uma mão que doeu
Um dia devagar
Um Domingo perfeito
Uma toalha no chão
Um caminho cansado
Um traço de avião
Uma sombra sozinha
Uma luz inquieta
Um desvio na rua
Uma voz de poeta
Uma garrafa vazia
Um cinzeiro apagado
Um hotel na esquina
Um sono acordado
Um secreto adeus
Um café a fechar
Um aviso na porta
Um bilhete no ar
Uma praça aberta
Uma rua perdida
Uma noite encantada
Para o resto da vida
Pedes-me um momento
Agarras as palavras
Escondes-te no tempo
Porque o tempo tem asas
Levas a cidade
Solta me o cabelo
Perdes-te comigo
Porque o mundo é o momento
Uma estrada infinita
Um anúncio discreto
Uma curva fechada
Um poema deserto
Uma cidade distante
Um vestido molhado
Uma chuva divina
Um desejo apertado
Uma noite esquecida
Uma praia qualquer
Um suspiro escondido
Numa pele de mulher
Um encontro em segredo
Uma duna ancorada
Dois corpos despidos
Abraçados no nada
Uma estrela cadente
Um olhar que se afasta
Um choro escondido
Quando um beijo não basta
Um semáforo aberto
Um adeus para sempre
Uma ferida que dói
Não por fora, por dentro
Pedro Abrunhosa, Momento
sábado, maio 16, 2009
terça-feira, maio 12, 2009
É meu segredo,
Mas se insistirem, lhes digo,
O medo mora comigo,
Mas só o medo, mas só o medo.
E cedo porque me embala
Num vai-vem de solidão,
É com silêncio que fala,
Com voz de móvel que estala
E nos perturba a razão.
Gritar quem pode salvar-me
Do que está dentro de mim
Gostava até de matar-me,
Mas eu sei que ele há-de esperar-me
Ao pé da ponte do fim.
Amália Rodrigues
(redescoberta no Amália Hoje, a música das minhas manhãs)
segunda-feira, abril 27, 2009
Aldina Duarte: Princesa Prometida

Aldina Duarte: Princesa Prometida
Manuel Mozos
documentário, 2009 (estreou ontem, no IndieLisboa)
vi a Aldina Duarte pela primeira vez muito antes de a ouvir. (fiquei fascinada com uma entrevista, há uns anos, no canal 2, à Ana Sousa Dias. já contei esta história várias vezes e a várias pessoas)
entre as voltas que a vida dá e depois de ouvir os discos muitas vezes, o meu caminho voltou a cruzar-se com ela. e hoje venho aqui falar do fantástico filme que ontem estreou no Indie Lisboa. o meu amigo Manuel Mozos está de parabéns mas é da Aldina que quero falar: uma mulher que é muito mais que uma fadista - quando fala é um mundo inteiro que nos explica com uma gargalhada contagiante. um mundo com o qual me identifico e em que quero acreditar. uma eterna aprendiz que sabe ensinar algo absolutamente precioso: liberdade.
admiro esta mulher.
sábado, abril 25, 2009
quinta-feira, abril 23, 2009
Dia Mundial do Livro
e neste dia que é do livro, como os meus dias tentam ser, um dos sítios mais lindos do mundo (é, seguramente, dos que mais gosto. emociono-me sempre que lá entro. sou contente quando ali estou). um verdadeiro e belo elogio à leitura e aos livros.
a propósito de 19 de abril
uns dias atrasada, eu sei, não podia deixar de aqui deixar aquilo de que estás à espera, x., uma mensagem para ti:
no dia 19 de abril de 1979 eu ainda não tinha meia dúzia de anos. e nesse dia já senti que a minha vida mudava. e assim se inundou deste grande amor, o verdadeiramente incondicional. e já tem 30 anos.
domingo, abril 05, 2009
e nada, nada dentro de mim, chega. adio quase tudo e fico à espera.
o que eu sei é que nestes momentos o medo, feito de dúvida e de insónia, me invade.
e nada, nada dentro de mim, chega. adio quase tudo e fico à espera.
o que eu sei é que nestes momentos a insónia, feita de dúvida e de medo, me invade.
e nada, nada dentro de mim, chega. adio quase tudo e fico à espera.
(e no entanto a minha vida não pára nunca.)
do medo e da verdade
terça-feira, março 31, 2009
domingo, março 29, 2009
terça-feira, março 17, 2009
cheguei a casa muito cansada como os meus dias novos me fazem chegar. à minha espera tinha uma prenda. de alguém que também faz lindos os meus dias. por gostar tanto dela, da mana, os meus dias são bem melhores... (e és, mfl, como mais uma vez provaste, das pessoas mais fortes que eu conheço; e das que mais admiro!)
A minha rua tem fado cilado
Um jeito de me falar que nem
a própria rua a noite sabe dizer
O que a minha rua, O que a minha rua
me conta ao adormecer.
Saudades vividas esperanças contidas
O medo na algibeira, o sonho na bagagem
E sempre esta viagem na noite sorrateira
A minha rua tem palco solar
Um jeito de me tocar, porque cada pedra
Vê em uma nem eu sei dizer
Tudo o que a minha rua, tudo o que a minha rua
me mostra ao entardecer
Saudades vividas e esperanças contidas
O medo na algibeira, o sonho na bagagem
E sempre esta viagem na noite sorrateira
Saudades vividas esperanças contidas
O medo na algibeira, o sonho na bagagem
E sempre esta viagem na noite sorrateira
Rosa Alves, cantado por Viviane
domingo, março 15, 2009
domingo, março 08, 2009
sábado, março 07, 2009
ZD
Tenho que pegar essa criatura
Tenho que pegar, tenho que pegar
Tenho que pegar
Gatas extraodinárias
(Caetano Veloso)
Simone / Zélia Duncan
(Caetano Veloso)
Simone / Zélia Duncan
quarta-feira, março 04, 2009

era uma vez… mas dificilmente serão felizes para sempre.
(no meio houve uma casa, uma porta, uma janela para cada um.)
domingo, março 01, 2009
fitas
The Wrestler
sobre este filme apetece-me escrever apenas duas palavras, mas em letras bem grandes:
MICKEY ROURKE
(ainda bem que não vi antes dos Óscares; não conseguiria ter decidido...)
The Reader
a Kate Winslet cresceu, sim. quanto ao resto que por lá se passa... a sequência de planos em que ela, Hanna Schmitz, aprende a ler, fez-me chorar como há muito não me acontecia; esmagador - e o meu amor pelo cinema vibrou outra vez...
depois, avenida cheia! :)
sobre este filme apetece-me escrever apenas duas palavras, mas em letras bem grandes:
MICKEY ROURKE
(ainda bem que não vi antes dos Óscares; não conseguiria ter decidido...)
The Reader
a Kate Winslet cresceu, sim. quanto ao resto que por lá se passa... a sequência de planos em que ela, Hanna Schmitz, aprende a ler, fez-me chorar como há muito não me acontecia; esmagador - e o meu amor pelo cinema vibrou outra vez...
depois, avenida cheia! :)
sexta-feira, fevereiro 27, 2009
algumas coisas importantes desde o último post, sendo a ordem aleatória:
18 anos do sobrinho Sean Penn Penélope Cruz discurso de Dustin Lance Black ao receber o Óscar curso da noite jantar árabe As Meninas (Paula Rego por Agustina Bessa-Luís) sesta no terraço sol, muito sol 2 gatos em correria mudanças virose abatimento revelações de alunos problemas de alunos discussões sobre o casamento (fúrias) aniversário do Jo (Suécia, Noruega, Eurovisão) e com certeza muitas outras coisas.
volto a dizer: sol!!! I'm back
quinta-feira, fevereiro 12, 2009
Ah querem uma luz melhor que a do sol!

Querem campos mais verdes que estes!
Querem flores mais belas que estas que vejo!
A mim este sol, estes campos, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontento,
O que quero é um sol mais sol que o sol,
O que quero é campos mais campos que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Aquela coisa que está ali estava mais ali que ali está!
Sim, choro às vezes o corpo perfeito que não existe.
Mas o corpo perfeito é o corpo mais corpo que pode haver,
E o resto são os sonhos dos homens,
A miopia de quem vê pouco,
E o desejo de estar sentado de quem não sabe estar de pé.
Todo o cristianismo é um sonho de cadeiras.
E como a alma é aquilo que não aparece,
A alma mais perfeita é aquela que não apareça nunca —
A alma que está feita com o corpo
O absoluto corpo das coisas,
A existência absolutamente real sem sombras nem erros
A coincidência exacta (e inteira) de uma coisa consigo mesma.
12-4-1919
“Poemas Inconjuntos”. Poemas Completos de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Recolha, transcrição e notas de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1994. - 145.
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
DIA DE CHUVA
O ar é de um amarelo escondido, como um amarelo-pálido visto através dum branco sujo. Mal há amarelo no ar acinzentado. A palidez do cinzento, porém, tem um amarelo na sua tristeza.
O ar é de um amarelo escondido, como um amarelo-pálido visto através dum branco sujo. Mal há amarelo no ar acinzentado. A palidez do cinzento, porém, tem um amarelo na sua tristeza.
s.d.
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.I. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. - 185
Livro do Desassossego por Bernardo Soares. Vol.I. Fernando Pessoa. (Recolha e transcrição dos textos de Maria Aliete Galhoz e Teresa Sobral Cunha. Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982. - 185
não fossem as dores nas costas e eu seria capaz de ver algum amarelo no dia...
terça-feira, fevereiro 03, 2009
sexta-feira, janeiro 30, 2009

quinta-feira, janeiro 29, 2009
terça-feira, janeiro 27, 2009
porque estou farta dos freeports-e-dos-debates-sobre-os-freeports e afins:
Arre, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.
Agora começa o Manifesto:
Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!
Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. - 21.
Arre, que tanto é muito pouco!
Arre, que tanta besta é muito pouca gente!
Arre, que o Portugal que se vê é só isto!
Deixem ver o Portugal que não deixam ver!
Deixem que se veja, que esse é que é Portugal!
Ponto.
Agora começa o Manifesto:
Arre!
Arre!
Oiçam bem:
ARRRRRE!
Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. - 21.
segunda-feira, janeiro 26, 2009
sexta-feira, janeiro 09, 2009
segunda-feira, janeiro 05, 2009
Sous le ciel de Paris (1)
S'envole une chanson
...
Sous le ciel de Paris
Marchent des amoureux
...
Leur bonheur se construit
Sur un air fait pour eux
...
Parfois couve un drame
...
Sous le ciel de Paris
Coule un fleuve joyeux
...
Sous le ciel de Paris
Les oiseaux du Bon Dieu
...
Viennent du monde entier
Pour bavarder entre eux
e agora em Lisboa, de novo, FELIZ 2009
quinta-feira, janeiro 01, 2009
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