FELIZ NATAL!
quarta-feira, dezembro 24, 2008
segunda-feira, dezembro 15, 2008
cabeça
duas respostas de dois alunos diferentes. hoje. num teste meu. já nem interessa a pergunta.
"cabeça é uma parte do nosso organismo que serve para pensar e serve também para sentir"
" a cabeça é a parte importante do nosso corpo porque:
-cabeça é a frente
- cabeça é armazém."
quinta-feira, dezembro 11, 2008
MANOEL DE OLIVEIRA
segunda-feira, dezembro 08, 2008
sábado, dezembro 06, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
domingo, novembro 30, 2008
quarta-feira, novembro 26, 2008



uma oferta. como dantes...
O girassol
Traz-me um girassol para que o transplante
no meu árido terreno
e mostre todo o diaao espelho azul do céu
a ansiedade do teu rosto
amarelento
Tendem à claridade as coisas obscuras
esgotam-se os corpos num fluir
de tintas ou de músicas. Desaparecer
é então a dita das ditas
Traz-me tu a planta que conduza
onde crescem loiras transparências
e se evapora a vida como essência
Traz-me o girassol de enlouquecidas luzes.
Eugenio Montale
quinta-feira, novembro 20, 2008
quarta-feira, novembro 19, 2008
sobre o amor marinho

sou o teu mar, senhora minha,
e não me perguntes da viagem
nem do tempo da partida e da chegada:
só tens de esquecer os impulsos da terra
e obedecer às leis do mar
e entrar-me como peixe enfurecido;
racha o navio em dois pedaços
e o horizonte em dois pedaços
e a minha vida em dois pedaços
sou o teu mar, senhora minha,
e não me perguntes da viagem
nem do tempo da partida e da chegada:
só tens de esquecer os impulsos da terra
e obedecer às leis do mar
e entrar-me como peixe enfurecido;
racha o navio em dois pedaços
e o horizonte em dois pedaços
e a minha vida em dois pedaços
Nizâr Qabbânî
Tradução: André Simões
(do maravilhoso sobre as ruínas)
quinta-feira, novembro 13, 2008
andar de autocarro diariamente é uma coisa extraordinária. cruzo-me todos os dias com gente que doutra maneira não faria parte do meu quotidiano (e quanto mais variedade ele tiver mais contente eu sou...). caminho até à paragem com o Tejo ao lado. tenho mais tempo para ler. ouço música. ouço muitas conversas. enfim, fiz esta opção há mais de 2 anos e gosto.
3 momentos diferentes do dia de hoje nestas andanças:
mulher aparentemente na casa dos 30: "foi com o Osvaldo que aprendi a andar de autocarro. até sair de casa dos meus pais nem de metro eu andava. a minha mãe nunca andou comigo para lado nenhum. um dia ficou triste, fartou-se de chorar, porque lhe disse que a Tânia era a minha melhor amiga. que é que ela queria? nunca saía comigo. sim, eu nunca soube o que é ir a um talho com a minha mãe"
uma mulher aparentemente na casa dos 40, segurava umas folhas em que se lia: "Súplicas que os fiéis podem utilizar privadamente no combate contra os poderes das trevas"
homem aparentemente na casa dos 50: "compro passe há 20 anos, por isso sou accionista da carris. mas também, que é que um homem leva desta vida se não andar aqui nisto para cima e para baixo?"
(eu lia "Outras histórias de São Francisco". em Lisboa :))
domingo, novembro 09, 2008
terça-feira, novembro 04, 2008
o poema não tem mais que o som do seu sentido,
a letra p não é primeira letra da palavra poema,
o poema é esculpido de sentidos e essa é a sua forma,
poema não se lê poema, lê-se pão ou flor, lê-se erva
fresca e os teus lábios, lê-se sorriso estendido em mil
árvores ou céu de punhais, ameaça, lê-se medo e procura
de cegos, lê-se mão de criança ou tu, mãe, que dormes
e me fizeste nascer de ti para ser palavras que não
se escrevem, lê-se país e mar e céu esquecido e
memória, lê-se silêncio, sim, tantas vezes, poema lê-se silêncio,
lugar que não se diz e que significa, silêncio do teu
olhar de doce menina, silêncio ao domingo entre as conversas,
silêncio depois de um beijo ou de uma flor desmedida, silêncio
de ti, pai, que morreste em tudo para só existires nesse poema
calado, quem o pode negar?, que escreves sempre e sempre, em
segredo, dentro de mim e dentro de todos os que te sofrem.
o poema não é esta caneta de tinta preta, não é esta voz,
a letra p não é a primeira letra da palavra poema,
o poema é quando eu podia dormir até tarde nas férias
do verão e o sol entrava pela janela, o poema é onde eu
fui feliz e onde eu morri tanto, o poema é quando eu não
conhecia a palavra poema, quando eu não conhecia a
letra p e comia torradas feitas no lume da cozinha do
quintal, o poema é aqui, quando levanto o olhar do papel
e deixo as minhas mãos tocarem-te, quando sei, sem rimas
e sem metáforas, que te amo, o poema será quando as crianças
e os pássaros se rebelarem e, até lá, irá sendo sempre e tudo.
o poema sabe, o poema conhece-se e, a si próprio, nunca se chama
poema, a si próprio, nunca se escreve com p, o poema dentro de
si é perfume e é fumo, é um menino que corre num pomar para
abraçar o seu pai, é a exaustão e a liberdade sentida, é tudo
o que quero aprender se o que quero aprender é tudo,
José Luís Peixoto
A criança em ruínas
sexta-feira, outubro 10, 2008
desço a rua muito cedo quando o dia ainda acorda. sorrio ao Tejo, que desce comigo. aos meus ouvidos uma italiana canta canções francesas. sento-me no autocarro. ouço a respiração dos outros, ainda poucos, porque é cedo. arrepio-me o resto do caminho. não está frio. é o livro que leio que me põe assim…
sexta-feira, outubro 03, 2008
ا ب ت ث ج ح خ د ذ ر ز س ش ص ض ط ظ ع غ ف ق ك ل م ن ه و ئ
depois de ter conseguido encontrar um teclado que me permitisse reproduzir o alfabeto árabe demorei uma hora a pô-lo aqui (até a passar do word para o blogger altera a ordem e assume a esquerda para a direita em vez da direita para a esquerda... uff! consegui. para verem que já sei o alfabeto e já estou a juntar as letras. isto é tão díficil!.... mas é tão bom aprender a escrever outra vez!...)
aprenderdevechamar-sealegria...
segunda-feira, setembro 29, 2008
embarquei numa aventura nova. voltei à faculdade.
ando a aprender árabe. como dizia ontem a uma amiga, tempo não tenho, mas tenho muita vontade. e muito boa companhia.
já sei quase todo o alfabeto. cada letra é uma vitória. isso é lindo.

Escreve!
Sou árabe!
Sou um homem sem título.
Espero , paciente, num país
Em que tudo o que há existe em raiva.
As minhas raízes,
Foram enterradas antes do início dos tempos
Antes da abertura das eras,
antes dos pinheiros e das oliveiras,
antes que tivesse nascido erva.
O meu pai descende do arado,
E não de senhores poderosos.
O meu avô foi lavrador,
Sem honras nem títulos,
E ensinou-me o orgulho do sol
Antes de me ensinar a ler.
A minha casa é uma cabana,
Feita de ramos e de canas.
Estás feliz com o meu estatuto?
Tenho um nome, não tenho título.»
Mahmud Darwish, poeta árabe
ando a aprender árabe. como dizia ontem a uma amiga, tempo não tenho, mas tenho muita vontade. e muito boa companhia.
já sei quase todo o alfabeto. cada letra é uma vitória. isso é lindo.

Escreve!
Sou árabe!
Sou um homem sem título.
Espero , paciente, num país
Em que tudo o que há existe em raiva.
As minhas raízes,
Foram enterradas antes do início dos tempos
Antes da abertura das eras,
antes dos pinheiros e das oliveiras,
antes que tivesse nascido erva.
O meu pai descende do arado,
E não de senhores poderosos.
O meu avô foi lavrador,
Sem honras nem títulos,
E ensinou-me o orgulho do sol
Antes de me ensinar a ler.
A minha casa é uma cabana,
Feita de ramos e de canas.
Estás feliz com o meu estatuto?
Tenho um nome, não tenho título.»
Mahmud Darwish, poeta árabe
quinta-feira, setembro 18, 2008
Jardim do Torel
porque muita gente me tem perguntado onde é e sábado há excelentes motivos para ir ao Jardim do Torel ir aqui para desobrir onde fica
quarta-feira, setembro 17, 2008
segunda-feira, setembro 15, 2008
mix Madonna
(porque não posso pôr todas, um mix das preferidas! se alguém quiser ver melhor, eu cedo...)


quinta-feira, setembro 11, 2008
regresso
desde a última vez que aqui vim algumas coisas se passaram:
um grande susto - já passou.
umas não-férias – para o ano há mais!
fiz 35 anos (e os amigos que não se esqueceram salvaram o dia).
voltei e isso é que interessa.
(e tenho uma máquina nova que voltou a despertar uma enormíssima vontade de fotografar :)…)
comecei um novo ano lectivo. com o ânimo reforçado depois do comentário que uma ex-aluna aqui deixou (não faço nada de mais, Nair. obrigada pelas suas palavras. assim vale mais a pena!)
um grande susto - já passou.
umas não-férias – para o ano há mais!
fiz 35 anos (e os amigos que não se esqueceram salvaram o dia).
voltei e isso é que interessa.
(e tenho uma máquina nova que voltou a despertar uma enormíssima vontade de fotografar :)…)
comecei um novo ano lectivo. com o ânimo reforçado depois do comentário que uma ex-aluna aqui deixou (não faço nada de mais, Nair. obrigada pelas suas palavras. assim vale mais a pena!)
quinta-feira, agosto 07, 2008
terça-feira, agosto 05, 2008
quinta-feira, julho 31, 2008
A fonte de todo o mal é o aborrecimento e é ele que é necessário afastar.É necessário mudar constantemente a perspectiva da realidade.Trata-se de afastar tanto quanto possível o ponto onde se sente que a rotina impera, o ponto em que a repetição começa.
Kierkegaard
e isto porquê? chego a casa, olho o Tejo e estou... de férias!!!!
sexta-feira, julho 25, 2008
filmes em dia
poderia escolher outros das últimas semanas ou de que ainda não falei, mas só me apetece seleccionar estes três:
Tropa de Elite
de José Padilha
sim, sei que já toda a gente tinha visto em casa. eu própria já tinha o filme em casa, à espera das férias. mas podendo, escolho sempre, claro, o “escurinho do cinema”.
adorei o Wagner Moura. este é um retrato absolutamente trágico da actual realidade brasileira, a corrupção já não é um problema, é o próprio sistema, a polícia é ineficaz, os bem-intencionados movem-se à força dos seus bem-intencionados interesses pessoais. não sobra nada e não há heróis. há pessoas apenas. e as pessoas morrem.
um murro no estômago. (com Cidade de Deus e Fernando Meirelles por lá a pairar…)
Vigilância
de Jennifer Chambers Lynch
não dá para dizer “tal pai tal filha” porque lhe falta aquilo a que me apetece chamar uma certa “pujança onírica” mas é interessante e conseguiu surpreender-me quase no final… gostei do Bill Pullman (e daquele plano final da miúda…)
Os Amores de Astrea e de Celadon
de Eric Rohmer
lindo como um verso no campo. (serão lindos os versos no campo? eu às vezes digo cada coisa…)
este filme é lindo. pelas pastoras. pela poesia. pelos campos. porque sim.
lindo como um verso no campo. (serão lindos os versos no campo? eu às vezes digo cada coisa…)
este filme é lindo. pelas pastoras. pela poesia. pelos campos. porque sim.
segunda-feira, julho 21, 2008
leituras em dia
O Alto dos Vendavais - Emily Brontë
Histórias Falsas, O Senhor Calvino, O Senhor Walser (Ed. Caminho) - Gonçalo M. Tavares
Imaginália - Graciete Nobre
graças à minha amiga P., li, finalmente, este livro (e concordo com ela, O Monte dos Vendavais soa melhor, mas...)
ficam a ecoar duas perguntas: será a crueldade do tamanho da infelicidade? onde entra o amor?
e depois destas não saíriamos daqui a fazer perguntas...
será a crueldade o resultado (óbvio?) da infelicidade que corrói algumas (todas as) almas? terão algumas almas (tão) cruéis conhecido algum outro estado se não o da permanente infelicidade, numa espécie de combate, também permanente, em que (se) perdem a convivência pacífica e o respeito pelo(s) outro(s)...
onde entra o amor?
(uma provocação para quem leu: será a Ellen Dean a heroína do romance?)
agora que li fico à espera das outras leituras...Histórias Falsas, O Senhor Calvino, O Senhor Walser (Ed. Caminho) - Gonçalo M. Tavares
contrariei, finalmente, a minha resistência em relação a este menino e li estes 3 de seguida. gostei mais d' O Senhor Calvino. já aqui publiquei um texto dele. e quebrado o feitiço vou continuar a ler este menino....
Imaginália - Graciete Nobre
gostei deste livro. não resisto a partihar um excerto de que gosto particularmente:
O homem do chapéu
Houve uma pessoa que nunca existiu, por exemplo. Chamava-se ele exactamente pessoa: Fernando Pessoa.
Por nunca ter existido verdadeiramente, todos se sentem no direito de o imaginar.
Imaginam-no sempre com um chapéu na cabeça e é também assim que os pintores o retratam. E com óculos.
O chapéu, por exemplo, é uma prova de que esse homem provavelmente nunca existiu, uma vez que não é uma coisa essencial ao ser. Ou talvez sirva apenas para fingir a sua não existência. Do seu não ter existido nunca.
Pois ele nunca sentiu o prazer de se saber sonhado pelos outros, e quando dormia nunca usava chapéu. Quando se sonhava a ele mesmo a dormir…
Nem óculos.
Sendo assim, quando dormia não existia, segundo a imaginação dalguns.
É por isso que o sonho dos outros é sempre mais real do que a própria realidade.
Pois só existe aquilo que se imagina [no tempo].
Talvez seja isso que não existe nada no fundo do mar. Ou se existe não interessa. Nunca ninguém foi lá ver… ou talvez alguém tenha ido, mas mesmo assim não importa.
Imaginália, porém, é como se fosse o fundo do mar. É a cidade secreta.
Houve uma pessoa que nunca existiu, por exemplo. Chamava-se ele exactamente pessoa: Fernando Pessoa.
Por nunca ter existido verdadeiramente, todos se sentem no direito de o imaginar.
Imaginam-no sempre com um chapéu na cabeça e é também assim que os pintores o retratam. E com óculos.
O chapéu, por exemplo, é uma prova de que esse homem provavelmente nunca existiu, uma vez que não é uma coisa essencial ao ser. Ou talvez sirva apenas para fingir a sua não existência. Do seu não ter existido nunca.
Pois ele nunca sentiu o prazer de se saber sonhado pelos outros, e quando dormia nunca usava chapéu. Quando se sonhava a ele mesmo a dormir…
Nem óculos.
Sendo assim, quando dormia não existia, segundo a imaginação dalguns.
É por isso que o sonho dos outros é sempre mais real do que a própria realidade.
Pois só existe aquilo que se imagina [no tempo].
Talvez seja isso que não existe nada no fundo do mar. Ou se existe não interessa. Nunca ninguém foi lá ver… ou talvez alguém tenha ido, mas mesmo assim não importa.
Imaginália, porém, é como se fosse o fundo do mar. É a cidade secreta.
gostei deste livro porque tem azul e mar. as cidades que conheço e todas as que quero conhecer.
e esta menina, a autora, tem mesmo muita graça. o livro é da Editora Luz das Letras e já está à venda. quem quiser conhecê-la melhor pode encontrá-la aqui e aqui.
domingo, julho 20, 2008
Leonard Cohen
sexta-feira, julho 18, 2008
A janela
Uma das janelas de Calvino, a com melhor vista para a rua, era tapada por duas cortinas que, no meio, quando se juntavam, podiam ser abotoadas. Uma das cortinas, a do lado direito, tinha botões e a outra, as respectivas casas.
Calvino, para espreitar por essa janela, tinha primeiro de desabotoar os sete botões, um a um. Depois sim, afastava com as mãos as cortinas e podia olhar, observar o mundo. No fim, depois de ver, puxava as cortinas para a frente da janela, e fechava cada um dos botões. Era uma janela de abotoar.
Quando de manhã abria a janela, desabotoando, com lentidão, os botões, sentia nos gestos a intensidade erótica de quem despe, com delicadeza, mas também com ansiedade, a camisa da amada.
Olhava depois da janela de um outra forma. Como se o mundo não fosse uma coisa disponível a qualquer momento, mas sim algo que exigia dele, e dos seus dedos, um conjunto de gestos minuciosos.
Daquela janela o mundo não era igual.
Uma das janelas de Calvino, a com melhor vista para a rua, era tapada por duas cortinas que, no meio, quando se juntavam, podiam ser abotoadas. Uma das cortinas, a do lado direito, tinha botões e a outra, as respectivas casas.
Calvino, para espreitar por essa janela, tinha primeiro de desabotoar os sete botões, um a um. Depois sim, afastava com as mãos as cortinas e podia olhar, observar o mundo. No fim, depois de ver, puxava as cortinas para a frente da janela, e fechava cada um dos botões. Era uma janela de abotoar.
Quando de manhã abria a janela, desabotoando, com lentidão, os botões, sentia nos gestos a intensidade erótica de quem despe, com delicadeza, mas também com ansiedade, a camisa da amada.
Olhava depois da janela de um outra forma. Como se o mundo não fosse uma coisa disponível a qualquer momento, mas sim algo que exigia dele, e dos seus dedos, um conjunto de gestos minuciosos.
Daquela janela o mundo não era igual.
Gonçalo M. Tavares, O Senhor Calvino
quinta-feira, julho 17, 2008
terça-feira, julho 15, 2008
Poesia
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
Sophia Andresen
quarta-feira, julho 09, 2008
presente
esta foto de um circo longínquo....
e...
Eu quero simplesmente
Te dar um presente
A rosa dos tempos desabrocha, desabrocha
Desabrocha novamente
Eu quero simplesmente
A vida semente
A mente que vibra
Vibra as fibras da cidade
Que vibra novamente
Eu quero simplesmente
Você nesse instante
Amante da vida da vida amante
E o gozo do mundo, gozo sem fundo
Gozamos durante
Zé Miguel Wisnik
(cantado por Zélia Duncan, no "eu me transformo em outras")
segunda-feira, julho 07, 2008
quarta-feira, julho 02, 2008

Encantei-me com as nuvens, como se fossem calmas
locuções de um pensamento aberto. No vazio de tudo
eram frontes do universo deslumbrantes.
Em silêncio via-as deslizar num gozo obscuro
e luminoso, tão suave na visão que se dilata.
Que clamor, que clamores mas em silêncio
na brancura unânime! Um sopro do desejo
que repousa no seio do movimento, que modela
as formas amorosas, os cavalos, os barcos
com as cabeças e as proas na luz que é toda sonho.
Unificado olho as nuvens no seu suave dinamismo.
Sou mais que um corpo, sou um corpo que se eleva
ao espaço inteiro, à luz ilimitada.
No gozo de ver num sono transparente
navego em centro aberto, o olhar e o sonho.
António Ramos Rosa
Volante Verde - 1986
in Antologia Poética
terça-feira, julho 01, 2008
«Há exercícios para treinar a verdade como, por exemplo, ter medo. Ou então ter fome. Depois restam exercícios para treinar a mentira: todos os grupos são isto, e todos os negócios. Estar apaixonado é a outra forma de exercitar a verdade.»
Gonçalo M. Tavares, Um Homem: Klaus Klump, romance, Caminho, 2003
domingo, junho 29, 2008
Gosto do céu porque não creio que elle seja infinito.
Que pode ter comigo o que não começa nem acaba?
Não creio no infinito, não creio na eternidade.
Creio que o espaço começa numa parte e numa parte acaba
E que agora e antes d’isso há absolutamente nada.
Creio que o tempo tem um princípio e tem um fim,
E que antes e depois d’isso não havia tempo.
Porque ha de ser isto falso? Falso é fallar de infinitos
Como se soubessemos o que são de os podermos entender.
Não: tudo é uma quantidade de cousas.
Tudo é definido, tudo é limitado, tudo é cousas.
Fernando Pessoa
Poema inédito, sem data, transcrito por Jerónimo Pizarrro, em 2008
sábado, junho 28, 2008
sexta-feira, junho 13, 2008

Fernando António Nogueira Pessoa
13 de Junho de 1888
A quadra é o vaso de flores que o povo põe à janela da sua alma. Da órbita triste do vaso escuro a graça exilada das flores atreve o seu olhar de alegria.
portanto, porque é dia de quadras nos manjericos e cantigas na avenida...
Cantigas de portugueses
São como barcos no mar -
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar.
terça-feira, junho 10, 2008
Julga-me a gente toda por perdido,
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.
Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.
Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;
Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.
Luís de Camões
Vendo-me tão entregue a meu cuidado,
Andar sempre dos homens apartado
E dos tratos humanos esquecido.
Mas eu, que tenho o mundo conhecido,
E quase que sobre ele ando dobrado,
Tenho por baixo, rústico, enganado
Quem não é com meu mal engrandecido.
Vá revolvendo a terra, o mar e o vento,
Busque riquezas, honras a outra gente,
Vencendo ferro, fogo, frio e calma;
Que eu só em humilde estado me contento
De trazer esculpido eternamente
Vosso fermoso gesto dentro na alma.
Luís de Camões
Hoje, 10 de Junho, é Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas
e basta ir aqui para perceber quão grave é dizer certas coisas...
segunda-feira, junho 09, 2008
domingo, junho 08, 2008
desde o último post eu não fui:
ao rock in rio
à praia
beber cervejas (nem kyr)
ao cinema
e não fiz muitas outras coisas que gostaria de ter feito.
trabalhei muitas horas (ganhámos uma importante competição nacional :)). tive algumas conversas difíceis. andei muito aflita de um dedo. continuei a trabalhar muito.
como apesar de tudo estou bem viva, viva ao Pepe, que marcou o primeiro golo:
ao rock in rio
à praia
beber cervejas (nem kyr)
ao cinema
e não fiz muitas outras coisas que gostaria de ter feito.
trabalhei muitas horas (ganhámos uma importante competição nacional :)). tive algumas conversas difíceis. andei muito aflita de um dedo. continuei a trabalhar muito.
como apesar de tudo estou bem viva, viva ao Pepe, que marcou o primeiro golo:
segunda-feira, maio 26, 2008
Tenho uma grande constipação,
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos com a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.
Álvaro de Campos (14-3-31)
E toda a gente sabe como as grandes constipações
Alteram todo o sistema do universo,
Zangam-nos com a vida,
E fazem espirrar até à metafísica.
Tenho o dia perdido cheio de me assoar
Dói-me a cabeça indistintamente.
Triste condição para um poeta menor!
Hoje sou verdadeiramente um poeta menor.
O que fui outrora foi um desejo; partiu-se.
Adeus para sempre, rainha das fadas!
As tuas asas eram de sol, e eu cá vou andando.
Não estarei bem se não me deitar na cama.
Nunca estive bem senão deitando-me no universo.
Excusez un peu... Que grande constipação física!
Preciso de verdade e de aspirina.
Álvaro de Campos (14-3-31)
domingo, maio 25, 2008
sexta-feira, maio 23, 2008
Ainda bem
que o tempo passou
e o amor que acabou
não saiu...
Ainda bem
que há um fado qualquer
que diz tudo o que vida
não diz...
Ainda bem
que Lisboa não é
a cidade perfeita
para nós...
Ainda bem
que há um beco qualquer
que dá eco
a quem nunca tem voz...
Ainda agora vi a louca
sozinha a cantar
do alto daquela janela...
Há noites em que a saudade
me deixa a pensar
um dia juntar-me a ela
um dia cantar como ela...
Ainda bem
que eu nunca fui capaz
de encontrar a viela
a seguir...
Ainda bem
que o Tejo é lilás
e os peixes não páram
de rir...
Ainda bem
que o teu corpo não quer
embarcar na tormenta
do meu...
Ainda bem...
Se o destino quiser
esta trágica história
sou eu...
Ainda agora vi a louca...
Pedro da Silva Martins.
este menino é um dos que criaram e cantam como Deolinda. o disco chama-se "Canção ao lado". parece que querem cantar a tristeza a rir. e conseguem. são lindos. o disco também. a Ana Bacalhau dá a voz (e o corpo e a gargalhada...) a esta Deolinda. adorei vê-los ao vivo. e hoje ouvi várias vezes esta canção. (obrigada Cat. - é por estas e por outras...)
quarta-feira, maio 07, 2008
[…]
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Horizonte, Mensagem, Fernando Pessoa
Ontem uma aluna lia este poema em voz alta numa aula. Eu lia outra coisa e pareceu-me diferente o último verso. Parte do diálogo que se seguiu:
Prof.: A. o que disse no último verso?
Aluna: disse “os beijinhos merecidos da verdade”, professora!
Prof.: beijinhos??? Mas não é isso que lá está!
Aluna: ó professora, ninguém diz beijos…. Nem reparei, mas não tem mal pois não? Toda a gente diz beijinhos!
(esta aula aconteceu ontem, com uma turma do 12º ano;
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte
Os beijos merecidos da Verdade.
Horizonte, Mensagem, Fernando Pessoa
Ontem uma aluna lia este poema em voz alta numa aula. Eu lia outra coisa e pareceu-me diferente o último verso. Parte do diálogo que se seguiu:
Prof.: A. o que disse no último verso?
Aluna: disse “os beijinhos merecidos da verdade”, professora!
Prof.: beijinhos??? Mas não é isso que lá está!
Aluna: ó professora, ninguém diz beijos…. Nem reparei, mas não tem mal pois não? Toda a gente diz beijinhos!
(esta aula aconteceu ontem, com uma turma do 12º ano;
apeteceu-me partilhar;
eu até digo sempre “beijos” – mas deve ser a minha antiga resistência aos diminutivos que me faz ser “diferente”;
quanto ao “resto”, não faço considerações :)
domingo, abril 27, 2008
ao ouvido hoje ficou... beira-mar
Dentro do mar tem rio...
Dentro de mim tem o quê?
Vento, raio, trovão
As águas do meu querer
Dentro do mar tem rio...
Lágrima, chuva, aguaceiro
Dentro do rio tem um terreiro
Dentro do terreiro tem o quê?
Dentro do raio trovão
E o raio logo se vê
Depois da dor se acende
Tua ausência na canção
Deságua em mim a paixão
No coração de um berreiro
Dentro de você o quê?
Chamas de amor em vão
Um mar de sim e de não
Dentro do mar tem rio
É calmaria e trovão
Dentro de mim tem o quê?
Dentro da dor a canção
Dentro do guerreiro flor
Dama de espada na mão
Dentro de mim tem você
Beira-marBeira-mar
Ê ê beiramar
Cheguei agora
Ê ê beira-mar
Beira-mar beira de rio
Ê ê beira-mar
Dentro do mar tem rio...
Dentro de mim tem o quê?
Vento, raio, trovão
As águas do meu querer
Dentro do mar tem rio...
Lágrima, chuva, aguaceiro
Dentro do rio tem um terreiro
Dentro do terreiro tem o quê?
Dentro do raio trovão
E o raio logo se vê
Depois da dor se acende
Tua ausência na canção
Deságua em mim a paixão
No coração de um berreiro
Dentro de você o quê?
Chamas de amor em vão
Um mar de sim e de não
Dentro do mar tem rio
É calmaria e trovão
Dentro de mim tem o quê?
Dentro da dor a canção
Dentro do guerreiro flor
Dama de espada na mão
Dentro de mim tem você
Beira-marBeira-mar
Ê ê beiramar
Cheguei agora
Ê ê beira-mar
Beira-mar beira de rio
Ê ê beira-mar
Maria Bethânia, Mar de Sophia
sexta-feira, abril 25, 2008
25 de Abril
1974-2008
(celebro a data com um dos seus poetas, num dos meus poemas preferidos. cá no cimo duma noite em que espero a manhã clara e o coração limpo)
Canto Moço
Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara
Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha
Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.
Zeca Afonso
terça-feira, abril 22, 2008

I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
...
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candlew burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore
Into my arms
quinta-feira, abril 10, 2008
os dias são de vento. e pouco tempo.
(muitas palavras têm cores na minha cabeça quando as penso. o vento é cinzento.)
se o vento é a ignição
se o vento é a ignição
das árvores venha o
temporal, elas ateadas sobre
as nossas cabeças, desmembradas
da terra como voadores desajeitados, meu pai
já conheço o vão da tua fome, peço-te,
faz de mim uma colher
divina
valter hugo mãe
para vos engordar a alma
útero
edições quasi
2003
(muitas palavras têm cores na minha cabeça quando as penso. o vento é cinzento.)
se o vento é a ignição
se o vento é a ignição
das árvores venha o
temporal, elas ateadas sobre
as nossas cabeças, desmembradas
da terra como voadores desajeitados, meu pai
já conheço o vão da tua fome, peço-te,
faz de mim uma colher
divina
valter hugo mãe
para vos engordar a alma
útero
edições quasi
2003
sexta-feira, abril 04, 2008
Segredo
Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.
Fernando Pinto do Amaral
Às Cegas
Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.
Fernando Pinto do Amaral
Às Cegas
terça-feira, abril 01, 2008
segunda-feira, março 17, 2008
À memória de Fernando Pessoa
Se eu pudesse fazer com que viesses
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!
Todos os dias, como antigamente,
Falar-me nessa lúcida visão -
Estranha, sensualíssima, mordente;
Se eu pudesse contar-te e tu me ouvisses,
Meu pobre e grande e genial artista,
O que tem sido a vida - esta boémia
Coberta de farrapos e de estrelas,
Tristíssima, pedante, e contrafeita,
Desde que estes meus olhos numa névoa
De lágrimas te viram num caixão;
Se eu pudesse, Fernando, e tu me ouvisses,
Voltávamos à mesma: Tu, lá onde
Os astros e as divinas madrugadas
Noivam na luz eterna de um sorriso;
E eu, por aqui, vadio de descrença
Tirando o meu chapéu aos homens de juízo...
Isto por cá vai indo como dantes;
O mesmo arremelgado idiotismo
Nuns senhores que tu já conhecias
- Autênticos patifes bem falantes...
E a mesma intriga: as horas, os minutos,
As noites sempre iguais, os mesmos dias,
Tudo igual! Acordando e adormecendo
Na mesma cor, do mesmo lado, sempre
O mesmo ar e em tudo a mesma posição
De condenados, hirtos, a viver -
Sem estímulo, sem fé, sem convicção...
Poetas, escutai-me. Transformemos
A nossa natural angústia de pensar -
Num cântico de sonho!, e junto dele,
Do camarada raro que lembramos,
Fiquemos uns momentos a cantar!
António Botto
Poema de Cinza
As Canções de António Botto
terça-feira, março 11, 2008
segunda-feira, março 10, 2008
dizem que em sua boca se realiza a flor
outros afirmam:
a sua invisibilidade é aparente
mas nunca toquei deus nesta escama de peixe
onde podemos compreender todos os oceanos
nunca tive a visão de sua bondosa mão
o certo é que por vezes morremos magros até ao osso
sem amparo e sem deus
apenas um rosto muito belo surge etéreo
na vasta insónia que nos isolou do mundo
e sorridizendo que nos amou algumas vezes
mas não é o rosto de deus
nem o teu nem aquele outro
que durante anos permaneceu ausente
e o tempo revelou não ser o meu
Al-Berto
O Medo
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