quinta-feira, maio 31, 2007


quand je n'ai pas du bleu je mets du rouge
(Picasso)


segunda-feira, maio 14, 2007

Era uma vez um rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que construiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido. Era uma vez.

evocando o Memorial do Convento, de Saramago, em dia de visita de estudo

(visita fantasticamente guiada. quem não leu ainda - quase todos, eu sei, saiu de lá com vontade de ler. e assim vale a pena!)

(hei-de voltar com mais fotos. tirei algumas.)

quarta-feira, maio 09, 2007

Retrato

No teu rosto começa a madrugada.
Luz abrindo
de rosa em rosa,
transparente e molhada.

Melodia
distante mas segura;
irrompendo da terra,
quente, redonda, madura.

Mar imenso,
praia deserta, horizontal e calma.
Sabor agreste.
Rosto da minha alma.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, maio 03, 2007

Revi, ontem, o André Murraças. Estará até dia 12 da Casa d'os Dias da Água, com o espectáculo More of a man.
Trata-se da reposição de dois espectáculos isolados, agora reunidos num só, continuando o projecto que o encenador e dramaturgo tem vindo a desenvolver à volta do conceito de masculinidade enquanto representação em palco.
Já tinha visto os dois isoladamente. Ontem revi-os deliciada e descobrindo sempre novas leituras. Gosto muito da concepção e dos textos de Um marido ideal, mas o André é fantástico em Pour Homme. Pour Homme é um percurso pelas representações do corpo masculino na história da arte, na publicidade e na vida quotidiana.
Parabéns André. Obrigada André.

terça-feira, maio 01, 2007














noutros tempos quando acreditávamos na existência da lua
foi-nos possível escrever poemas e
envenenávamo-nos boca a boca com o vidro moído
pelas salivas proibidas - noutros tempos
os dias corriam com a água e limpavam
os líquenes das imundas máscaras

Al Berto (excerto.Vestígios)

Por isso quando num dia de calor /
Me sinto triste de gozá-lo tanto,/
E me deito ao comprido na erva, /
E fecho os olhos quentes, /
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,/
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro