sexta-feira, março 31, 2006

Alfama, Velha Lisboa
1930
João de Almeida e Sá
(Para me ambientar....)

quinta-feira, março 30, 2006

Quando Lisboa anoitece
Como um veleiro sem velas,
Alfama toda, parece
Uma casa sem janelas
Aonde o povo arrefece.
É numa água-furtada,
No espaço roubado à mágoa
Que Alfama fica fechada
Em quatro paredes d'água!
Quatro paredes de pranto!
Quatro muros d'ansiedade!
Que à noite fazem o canto
Que se acende na cidade!
Fechada em seu desencanto,
Alfama cheira a saudade!
Alfama não cheira a Fado,
Cheira povo, a solidão!
Cheira a silêncio magoado!

Sabe a tristeza com pão!
Alfama não cheira a Fado
Mas não tem outra canção!


(José Carlos Ary dos Santos )

segunda-feira, março 27, 2006

Hoje só um verso de um velho poema me ecoa:

no escuro só princípios...

que saudades!...

domingo, março 26, 2006

às vezes a lua
cai em cima de nós
parece que cai
parece que sim

“vai lua
volta para lá”

“vem lua
olha por mim”

sabias, meu amor?

sábado, março 25, 2006

A conselho da Nádia Jururu (http://terraimunda.blogspot.com/) procurei saber o que fui numa vida passada! Fui informada de que fui "um artista que nasceu no ano de 35 a.C. na região onde hoje fica o Marrocos". Diziam-me ainda "Cômico, você nasceu para fazer a alegria dos outros, principalmente das crianças que, enfeitiçadas, olhavam para suas acrobacias nas ruas".
Só conto isto porque de manhã tinha tirado esta fotografia!!!

quarta-feira, março 22, 2006

Ontem foi Dia da Poesia!

aos versos que não existem devo todos os dias um obrigada....

sexta-feira, março 17, 2006


Há imagens que não se percebem! Fazer o quê?! Mostrá-las!

quinta-feira, março 16, 2006

poderá chamar-se alegria?!


Espero-te Musa.

nas águas
na estrada
no céu
nos versos

Espero-te Musa.


Quanto tempo falta para um verso lindo?

terça-feira, março 14, 2006

Com o balancear dos ramos primaveris
vejo crescer vontades de criar um mundo
outro de anseios e esperas.
Nesse mundo
não deixarei nunca de cobrir-te com beijos
de oferecer-te pedras esculpidas pelo olhar
com que te pensava.
Reflicto nas mãos sensações de te saber viva
pensando comigo.
E estando aqui e assim
não existe mais nada
entre mim e os ramos
entre o que penso e a primavera
entre o meu corpo e os outros.
Sei-te em cada poro da minha pele,
em cada tacto de todos os meus sentidos.
E lá fora os ramos balanceiam ao ritmo de quem os quer sentir.

domingo, março 12, 2006

BARCOS

"Nha terra e' quel piquinino
E' Sao Vicente e' que di meu"


Nas praias
Da minha infância
Morrem barcos
Desmantelados.


Fantasmas
De pescadores
Contrabandistas
Desaparecidos
Em qualquer vaga
Nem eu sei onde.


E eu sou a mesma
Tenho dez anos
Brinco na areia
Empunho os remos...
Canto e sorrio...
A embarcação
Para o mar!
E' para o mar!...


E o pobre barco
O barco triste
Cansado e frio
Não se moveu...


(Yolanda Morazzo , Cabo Verde)

sexta-feira, março 10, 2006

haverá azul que chegue no mar
para me ouvir?

haverá lua que chegue
para me prender?

haverá mundo que chegue
para mim?

quinta-feira, março 09, 2006

DIZER AMOR

Queria subir às palavras
e gritá-las
E ter o privilégio de inventar
formas diferentes
de dizer amor

(Manuela Amaral)

quarta-feira, março 08, 2006

Doem-me a cabeça e o universo...
(Bernardo Soares, Livro do Desassossego)

terça-feira, março 07, 2006


Entre amarelos e o azul do céu, gosto tanto de olhar para cima em Lisboa!

segunda-feira, março 06, 2006


sinto que sou ninguém salvo uma sombra

de um vulto que não vejo e que me assombra

(Fernando Pessoa, Cancioneiro)

quinta-feira, março 02, 2006

Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical --
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força --
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas
Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão,
E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta,
Átomos que hão de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem,
Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes,
Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando,
Fazendo-me um excesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!


(Ode Triunfal, excerto, Álvaro de Campos)

Não tenho a certeza de que todos os dias tenham 24 horas! E as horas têm todas 60 minutos? Não. Hoje não!
De que cor será sentir?

(pergunta de Fernando Pessoa a Mário de Sá-Carneiro, em carta de 14 de Março de 1916)

quarta-feira, março 01, 2006

O essencial é saber ver
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê.

Alberto Caeiro,
O Guardador de Rebanhos