quinta-feira, setembro 20, 2007

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.

Sim, mas agora,

Enquanto dura esta hora,

Este luar, estes ramos,

Esta paz em que estamos,

Deixem-me crer

O que nunca poderei ser.

Fernando Pessoa


quinta-feira, setembro 13, 2007


Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.
Tenzin Gyatso, Dalai Lama

quarta-feira, setembro 12, 2007

Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...

Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chiou do céu
E enegreceu os caminhos...

Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz não,
Não sei porquê - eu não tinha medo -
Quis-me rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...

Ah, é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentir-me-ia ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentir-me-ia familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranquilamente, ouvindo a chaleira,
E tendo parentes mais velhos que eu
E fazendo isso como se florisse assim.
Sentir-me-ia alguém que possa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!

(Quem crê que há Santa Bárbara,
Julgará que ela é gente e visível
Ou que julgará dela?)

(Que artifício! Que sabem
As flores, as árvores, os rebanhos,
De Santa Bárbara,?... Um ramo de árvore,
Se pensasse, nunca podia
Construir santos nem anjos...
Poderia julgar que o sol
Alumia e que a trovoada
É um barulho repentino
Que principia com luz.
Ah, como os mais simples dos homens
São doentes e confusos e estúpidos
Ao pé da clara simplicidade
E saúde de existir
Das árvores e das plantas!)

E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que todo o dia a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega...


Alberto Caeiro

domingo, setembro 09, 2007



Da rosa silvestre,
pétalas caem aos poucos -
ao som da cascata?

Matsuo Bashô (1644-1694)

Imagens orientais - versão portuguesa de Luísa Freire





Kyoto Gardens, Holland Park, Londres

sábado, setembro 08, 2007

HAIRSPRAY

muito divertido! com uma mensagem linda ainda hoje! porque há ritmos que não nos podem mesmo fazer parar. nunca. que a diferença não nos faça parar. e que o ritmo nos faça prosseguir sempre!


Nikki Blonsky

linda!!!!!!!!!!!!!!








(e os meninos que me acompanharam são dos mais lindos do mundo!)

quinta-feira, setembro 06, 2007

...
Acredita no que desejas, as palavras
decalcam do teu coração
a palpitação que, adolescente, sentes às 3
da tarde no banco de cimento,
e o verão e as árvores e as aves
levam-te ao enfeite ideológico
da paixão.
...
Fernando Luís Sampaio, Falsa Partida
o banco não é de cimento, mas é de verão. e o recado urgente na noite (e nos dias que nos fazem)

terça-feira, setembro 04, 2007

toda a gente precisa de um sítio para pensar





segunda-feira, setembro 03, 2007

Um ano diferente

Começa hoje um ano lectivo diferente.
Perco no quotidiano da casa em que trabalho uma das coisas mais importantes que aqui ganhei – uma das pessoas mais importantes da minha vida. Os nossos caminhos cruzaram-se nesta escola e foram feitos de muitas horas de trabalho. A nossa cumplicidade no trabalho, o nosso empenho, algumas vezes a nossa discordância, muitas vezes a nossa luta, acabou, não poderia ser doutra forma, por nos aproximar para lá do portão desta escola.

Apoio-te incondicionalmente na decisão que tomaste, Vera. Acho que deves fazê-lo. Mas quero que saibas que a minha vida nesta escola será para sempre diferente. Será para sempre menos cheia e menos feliz! Vou ter muitas saudades de trabalhar contigo, de discordar de ti, de me enervar contigo, de lutar contra as tuas momentâneas intransigências. Vou ter muitas saudades dos teus matinais beijos na testa e de me apertares as bochechas até à vermelhidão! Vou ter saudades das tuas cuscuvilhices e das tuas perguntas difíceis!
Temos uma enorme alegria em comum, a Mimicas, somos comadres!:)
Seremos para sempre amigas, tenho a certeza! Mas a minha vida nesta escola, este ano e para sempre, será muito diferente!

Obrigada por tudo o que fizeste pelos nossos alunos!
E as maiores felicidades do mundo no novo emprego!
A partir de hoje continuaremos juntas. Para lá do portão desta escola.