domingo, abril 27, 2008

ao ouvido hoje ficou... beira-mar

Dentro do mar tem rio...
Dentro de mim tem o quê?
Vento, raio, trovão
As águas do meu querer

Dentro do mar tem rio...
Lágrima, chuva, aguaceiro
Dentro do rio tem um terreiro
Dentro do terreiro tem o quê?

Dentro do raio trovão
E o raio logo se vê
Depois da dor se acende
Tua ausência na canção

Deságua em mim a paixão
No coração de um berreiro
Dentro de você o quê?
Chamas de amor em vão

Um mar de sim e de não
Dentro do mar tem rio
É calmaria e trovão
Dentro de mim tem o quê?

Dentro da dor a canção
Dentro do guerreiro flor
Dama de espada na mão
Dentro de mim tem você

Beira-marBeira-mar
Ê ê beiramar
Cheguei agora
Ê ê beira-mar
Beira-mar beira de rio
Ê ê beira-mar

Maria Bethânia, Mar de Sophia



o fim-de-semana teve manifesto, pais, esplanada, sobrinhos, gargalhadas, jornais, cinema, viagens, "lapadas", outros nomes de código e...
e cheiro a sol na pele...

sexta-feira, abril 25, 2008


25 de Abril
1974-2008

(celebro a data com um dos seus poetas, num dos meus poemas preferidos. cá no cimo duma noite em que espero a manhã clara e o coração limpo)

Canto Moço

Somos filhos da madrugada
Pelas praias do mar nos vamos
À procura de quem nos traga
Verde oliva de flor no ramo
Navegamos de vaga em vaga
Não soubemos de dor nem mágoa
Pelas praias do mar nos vamos
À procura da manhã clara
Lá do cimo duma montanha
Acendemos uma fogueira
Para não se apagar a chama
Que dá vida na noite inteira
Mensageira pomba chamada
Companheira da madrugada
Quando a noite vier que venha
Lá do cimo duma montanha
Onde o vento cortou amarras
Largaremos pela noite fora
Onde há sempre uma boa estrela
Noite e dia ao romper da aurora
Vira a proa minha galera
Que a vitória já não espera
Fresca brisa, moira encantada
Vira a proa da minha barca.

Zeca Afonso

terça-feira, abril 22, 2008

porque ontem estive no Coliseu a ver, ouvir e a gostar do Nick Cave hoje o poema é dele:

I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
...
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candlew burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore
Into my arms

quinta-feira, abril 10, 2008

os dias são de vento. e pouco tempo.
(muitas palavras têm cores na minha cabeça quando as penso. o vento é cinzento.)

se o vento é a ignição

se o vento é a ignição
das árvores venha o
temporal
, elas ateadas sobre
as nossas cabeças, desmembradas
da terra como voadores desajeitados, meu pai
já conheço o vão da tua fome, peço-te,
faz de mim uma colher
divina



valter hugo mãe
para vos engordar a alma
útero
edições quasi
2003

sexta-feira, abril 04, 2008

Segredo

Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos. Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro? O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.

Fernando Pinto do Amaral
Às Cegas

terça-feira, abril 01, 2008

das férias trouxe o mar e a vertigem do areal...

Não te surpreendas amigo se nada mais desejo.
Preciso do tempo todo para seguir o sol.

(Angelus Silesius)

e matei saudades...

2 comentários aos dias que passam:

Hora de verão! :)

preciso da hora de verão para deixar-me seguir ao sol até casa... contente...

"cursinho":
voltei hoje às aulas que não sou eu que dou :)
a propósito do Pessoa! contente!...