terça-feira, junho 30, 2009

Pina Bausch1940-2009
(há momentos que mudam as nossas vidas...)



sexta-feira, junho 26, 2009

deve ser estúpido vir aqui escrever que o Michael Jackson morreu quando provavelmente vamos ouvir dizer isto a toda a hora nos próximos dias. mas deve chamar-se tristeza o que sinto com isso. e nem me apetece explicar porquê. apetece-me só assumir isso.

segunda-feira, junho 22, 2009

o novo disco da Zélia Duncan

tenho-o comigo desde hoje. chama-se pelo sabor do gesto e vai buscar o nome a uma canção de um dos mais recentes meus filmes preferidos, les chansons d'amour de Christophe Honoré (2007), de que gravou aqui duas versões.
ainda o ouvi poucas vezes para escolher uma preferida (ela escolheu da banda sonora a minha preferida, as-tu déjà aimé, mas alterou-lhe ligeiramente o sentido que lhe dou e a força que ela, a canção, me dá). por isso escolhi esta. só porque é a primeira. até porque voltarei a estas canções, a nova banda sonora dos meus caminhos.
BOAS RAZÕES
De Bonnes Raisons Alex BeaupainVersão Zélia Duncan
Participação Fernanda Takai
Teu fogo inflama a razão
Perguntas queimam então
Meu coração quer pensar
Respostas caem no chão
Se eu vou te amar
São boas minhas razões
Pra que te amar
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar
Talvez seu charme me atraia
Talvez a tal solidão
Má sorte ou belas palavras
Talvez um vício em paixão
Não guardo mais, melhor falar
Qualquer razão pra te amar
Não guardo mais
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar
Parece um anjo esquece as asas por aqui
Glória
Santos perfumes vozes do céu vêm pra te ouvir
Aleluia
Talvez seu cheiro de flor
Um jeito de adormecer
No frio faz um calor
Motivos pra me aquecer
Não guardo mais, melhor falar
Qualquer razão pra te amar
Não guardo mais
Por que razão te confessar
Boas razões pra te amar
Não vou mais confessar

domingo, junho 21, 2009

primeiro dos 93 dias de Verão :)

...
No Verão os dias ficam maiores.
No Verão as roupas ficam menores.
No Verão o calor bate recordes
E os corpos libertam seus suores.

Eu gosto é do Verão
De passearmos de prancha na mão.
Saltarmos e rirmos na praia
De nadar e apanhar um escaldão.
E ao fim do dia, bem abraçados
A ver o pôr-do-Sol
Patrocinado por uma bebida qualquer.
...

a fúria do açúcar

(fui à praia e apetece-me cantar... deve chamar-se alegria de Verão a chegar...)

segunda-feira, junho 15, 2009

Esta Tarde a Trovoada Caiu

Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chovia do céu
E enegreceu os caminhos ...
Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz que não,
Não sei porquê — eu não tinha medo —
pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...

Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranquilamente, como o muro do quintal;
Tendo ideias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...
Sentia-me alguém que nossa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!

(Quem crê que há Santa Bárbara,
Julgará que ela é gente e visível
Ou que julgará dela?)

(Que artifício! Que sabem
As flores, as árvores, os rebanhos,
De Santa Bárbara?...
Um ramo de árvore,
Se pensasse, nunca podia
Construir santos nem anjos...
Poderia julgar que o sol
É Deus, e que a trovoada
É uma quantidade de gente
Zangada por cima de nós ...
Ali, como os mais simples dos homens
São doentes e confusos e estúpidos
Ao pé da clara simplicidade
E saúde em existir
Das árvores e das plantas!)

E eu, pensando em tudo isto,
Fiquei outra vez menos feliz...
Fiquei sombrio e adoecido e soturno
Como um dia em que todo o dia a trovoada ameaça
E nem sequer de noite chega.

Alberto Caeiro

(eu que nunca rezo não sei rezar a Santa Bárbara...)

sábado, junho 13, 2009

é Santo António e Alfama brilha!




nascido a 13 de Junho de 1888

Fernando Pessoa

Não me importo com as rimas. Raras vezes
Há duas árvores iguais, uma ao lado da outra.
Penso e escrevo como as flores têm cor
Mas com menos perfeição no meu modo de exprimir-me
Porque me falta a simplicidade divina
De ser todo só o meu exterior.
Olho e comovo-me,
Comovo-me como a água corre quando o chão é inclinado,
E a minha poesia é natural como o levantar-se o vento...


Alberto Caeiro


Ora até que enfim..., perfeitamente...
Cá está ela!
Tenho a loucura exactamente na cabeça.
Meu coração estoirou como uma bomba de pataco,
E a minha cabeça teve o sobressalto pela espinha acima...
Graças a Deus que estou doido!
Que tudo quanto dei me voltou em lixo,
E, como cuspo atirado ao vento,
Me dispersou pela cara livre!
Que tudo quanto fui se me atou aos pés,
Como a serapilheira para embrulhar coisa nenhuma!
Que tudo quanto pensei me faz cócegas na garganta
E me quer fazer vomitar sem eu ter comido nada!
Graças a Deus, porque, como na bebedeira,
Isto é uma solução.
Arre, encontrei uma solução, e foi preciso o estômago!
Encontrei uma verdade, senti-a com os intestinos!
Poesia transcendental, já a fiz também!
Grandes raptos líricos, também já por cá passaram!
A organização de poemas relativos à vastidão de cada assunto resolvido em vários —
Também não é novidade.
Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim...
Tenho uma náusea que, se pudesse comer o universo para o despejar na pia, comia-o.
Com esforço, mas era para bom fim.
Ao menos era para um fim.
E assim como sou não tenho nem fim nem vida...


Álvaro de Campos


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.


Ricardo Reis

sexta-feira, junho 12, 2009


café matinal.


quarta-feira, junho 10, 2009

Amor, que o gesto humano na alma escreve,
Vivas faíscas me mostrou um dia,
Donde um puro cristal se derretia
Por entre vivas rosas e alva neve.

A vista, que em si mesma não se atreve,
Por se certificar do que ali via,
Foi convertida em fonte, que fazia
A dor ao sofrimento doce e leve.

Jura Amor que brandura de vontade
Causa o primeiro efeito; o pensamento
Endoudece, se cuida que é verdade.

Olhai como Amor gera, num momento
De lágrimas de honesta piedade,
Lágrimas de imortal contentamento.


Luís de Camões

terça-feira, junho 09, 2009


E ao anoitecer

e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia
Al Berto

sábado, junho 06, 2009

(o meu jogo preferido faz 25 anos!?)
(e o logo do google está lindo!)

terça-feira, junho 02, 2009

Arménio Vieira, Prémio Camões

Quiproquó

Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto

Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta

Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.

Arménio Vieira

Cabo Verde, a terra com que a minha vida volta e meia se cruza...