quarta-feira, setembro 13, 2006

A recusa das imagens evidentes


IV
Há noites que são feitas dos rneus braços
E um silêncio comum às violetas.
E há sete luas que são sete traços
De sete noites que nunca forarn feitas.

Há noites que levamos à cintura
Como um cinto de grandes borboletas.
E um risco a sangue na nossa carne escura
Duma espada à bainha dum cometa.

Há noites que nos deixam para trás
Enrolados no nosso desencanto
E cisnes brancos que só são iguais
A mais longínqua onda do seu canto.

Há noites que nos levam para onde
O fantasma de nos fica mais perto;
E é sempre a nossa voz que nos responde
E só o nosso nome estava certo.

Há noites que são lírios e são feras
E a nossa exactidão de rosa vil
Reconcilia no frio das esferas
Os astros que se olham de perfil.

Natália Correia, que soube recusar as imagens evidentes, nasceu a 13 de Setembro

1 comentário:

Nadinha disse...

Oh, que agradável surpresa!
A fotografia é na Graça?