quinta-feira, fevereiro 02, 2006

LIBERDADE

Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma.
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

Completamente afundada em trabalho só me lembrava deste poema hoje.
Ai que saudades de não cumprir um dever, digo eu! Para dizer alguma coisa e perceberem que ainda estou viva!
(Recado para a A.F.G: "liberdade, liberdade, o que é isso liberdade?" Não resisti!)

4 comentários:

C_mim disse...

1 tiro no porta - aviões, digo eu... Aí o trabalho, o trabalho... ainda comentam que enobrece.

Bom ao menos sempre posso ir trabalhando em casa. Xou uma felixarda...

Anónimo disse...

Liberdade é também poder dizer, escrever, utilizar, gritar, viver, sentir (...) um sim...e/ou um não, sem esquecer de utilizar tudo o que existe no espaço destas duas escolhas.

Anónimo disse...

ou não será assim, se não for, haja liberdade para o dizer, ainda bem que estás viva, isso é bom:)

Anónimo disse...

Liberdade liberdade a quanto obrigas!