quinta-feira, março 30, 2006

Quando Lisboa anoitece
Como um veleiro sem velas,
Alfama toda, parece
Uma casa sem janelas
Aonde o povo arrefece.
É numa água-furtada,
No espaço roubado à mágoa
Que Alfama fica fechada
Em quatro paredes d'água!
Quatro paredes de pranto!
Quatro muros d'ansiedade!
Que à noite fazem o canto
Que se acende na cidade!
Fechada em seu desencanto,
Alfama cheira a saudade!
Alfama não cheira a Fado,
Cheira povo, a solidão!
Cheira a silêncio magoado!

Sabe a tristeza com pão!
Alfama não cheira a Fado
Mas não tem outra canção!


(José Carlos Ary dos Santos )

1 comentário:

Anónimo disse...

BEM-VINDA!!!!!!!!!!