sábado, novembro 26, 2005

Mais Lisboa. E a memória de uma das mais belas e mais bem contadas histórias de amor do mundo. Em manhã de sol e chuva.

Amores da alta esposa de Peleu
Me fizeram tomar tamanha empresa.
Todas as Deusas desprezei do Céu,
Só por amar das águas a Princesa.
Hum dia a vi, co'as filhas de Nereu,
Sair nua na praia: e logo presa
A vontade sinti, de tal maneira,
Que inda não sinto outra cousa que mais queira.

Converte-se-me a carne em terra dura;
Em penedos os ossos se fizeram;
Estes membros que vês e esta figura
Por estas longas águas se estenderam.
Enfim, minha grandíssima estatura
Neste remoto Cabo converteram
Os Deuses; e, por mais dobradas mágoas,
Me anda Thétis cercando destas águas.

(Os Lusíadas, canto V, estrofes 52 e 59)

1 comentário:

Anónimo disse...

"O Mar e os Meus Pensamentos"

O mar puxa por mim p'rá poesia
As ondas são as Musas que me inspiram
E seja a bem, ou fantasia,
Há versos novos que no mar surgiram!

São sobre as ondas escritos os meus versos
Mirando aquele céu acinzentado
E com os pensamentos mais diversos
Escrevo, porque sei que estou inspirado!

Aproveito a hora a que as Musas
Se chegam até mim aqui no mar
E se ideias havia mui confusas
Nesse momento eu as sinto clarear!

O mar é um alfobre de tormentos
Mas muita coisa bela tem p'ra dar
Pois em mim são férteis os momentos
Em que há vontade enorme p'ra rimar!


J. Quintino Teles - Ilhavo - 1980