quarta-feira, novembro 23, 2005


A poesia é a arte de materializar sombras e de dar existência ao nada.
(Edmund Burke)

1 comentário:

Anónimo disse...

A Rua dos Cataventos



Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.


Hoje, dos meus cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de vela amarelada,
Como único bem que me ficou.


Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!


Aves da noite! Asas do horror! Voejai!

Mário Quintana